sábado, 31 de outubro de 2015

Noite na Praia


O mar se encapela  numa noite fria,
A chuva fina enrijece,
A pele úmida que não se aquece,
Pois é noite de nostalgia.

Barcos balançam ao sabor do vento,
Na enseada congesta e nevoenta,
Na praia à  maré  se arrebenta,
Quebrando o silêncio com o seu som barulhento.

A luz que dos postes irradia,
Na solidão de mais uma noite chuvosa e fria,
Faz com que dancem inoportunos insetos.

A noite continua avançando lentamente,
O mar revolto se torna cada vez mais insistente,
Ao bater com fúria em corações desertos.


Denio Reis

domingo, 25 de outubro de 2015

Lá na Cruz do Calvário


Lá na Cruz do Calvário,
Um ladrão foi perdoado,
Mas o outro foi condenado,
Pois até de Cristo zombou.

Recusou à maior de todas às riquezas,
Deixando escapar com certeza,
A sua preciosa salvação,
Pela dureza do seu coração.

O outro se reconheceu pecador,
Mesmo em meio à tanta dor,
Pediu que Jesus dele se lembrasse,
Quando no seu Reino então chegasse.

Jesus bastante afirmativo,
E não menos incisivo,
Ao ladrão foi logo dizendo:
Hoje mesmo já que estás querendo,
Tu estarás comigo no paraíso.

Denio Reis

sábado, 10 de outubro de 2015

O Último Suspiro


Quem assistiu o ùltimo suspiro,
Ainda pôde perceber o brilho,
Da ùltima lágrima rolando,
Após um longo martírio.

A lágrima que acabou parceira da tristeza,
Trouxe contudo à certeza,
Que com pranto também se consegue vencer,
E a luta que abate pode também engrandecer.

Passar resistindo pelo vale sombrio da morte,
Não cabe aos fracos,mas sim aos fortes,
Ainda que seja pela via do sofrimento.

Os que passam pela dor sorrindo,
Vão seguramente conseguindo,
A vitória sobre tantos padecimentos.


Denio Reis


sábado, 3 de outubro de 2015

Os Esquecidos


O espaço é pequeno e acanhado,
Rigorosamente mensurado,
Onde passa uma só pessoa,
Como se rato fosse.

Pessoas que se escondem
Nos esgotos subterrâneos,
De imensas galerias,
Tão sinistras quanto frias.

São quase seres humanos,
Contudo desumanos
Os que para lá os empurraram,
Sem nenhuma piedade.

Voltam à superfície desconfiados,
Em busca de alimentos deteriorados,
Para fome enganar,
E o sofrimento sufocar.

Pessoas rejeitadas,
E por tantas marginalizadas,
Vivendo esquecidas
Nos subterrâneos da vida.

Denio Reis