sábado, 29 de abril de 2017

Terreno Vazio


Estava ali o terreno vazio,
Onde no passado existiu,
A casa que nos agasalhou no frio
E crescer felizes nos permitiu.

Esse terreno embora vazio,
Não conseguiu fazer-me esquecer,
Que naquela casa foi também um desafio,
A gente tentar sobreviver.

O riacho não existe mais,
Mas esquecer-me dessas coisas jamais,
Já que estão guardadas em minhas reminiscências,
Como marcas profundas de tantas vivências.

Ao passar pela estrada pude ver,
Que era imperioso rever,
Aquelas coisas que ainda fazem parte da minha vida,
E que sob quaisquer pretextos  não poderão ser esquecidas.

Ainda por essa mesma estrada avistei,
A árvore em que muitas vezes me abriguei,
Do sol inclemente e abrasivo,
Em tempos de percurso exaustivo.

De todas essas lembranças eu não abro mão,
Pois foi tudo o que me restou dessa recordação,
Por isso carinhosamente irei recordar,
Para que essas lembranças em branco não possam passar.

Esse lugar não é imaginário pois lá está,
Entre Ourania  e Querendo,
Nessas recordações vou teimosamente remexendo,
Pois delas vale contudo se lembrar.

Denio Reis 

sexta-feira, 21 de abril de 2017

A Estátua que Ganhou Vida



A Estátua desceu do pedestal e assentou-se nos primeiros degraus.
Estava suja,empoeirada,esquecida e com sinais de corrosão.
O olhar era vago e triste e até parecia que uma lágrima havia escorrido pelo canto do olho.
Um jovem aproximou-se curioso e com olhar de espanto e de incredulidade.
Resistiu em aproximar-se,mas mesmo assim,o fez.
A estátua sabendo do constrangimento do jovem, foi logo lhe dirigindo à palavra:
Não precisa ter medo meu jovem! Você quer saber quem eu sou?
E só olhar para o meu pescoço e verás às marcas produzidas pelas cordas do implacável Carrasco.
Isto aconteceu em 21 de abril de 1792, em pleno sábado,no largo da Lampadosa no Rio de Janeiro.
O jovem não conseguiu conter às lagrimas,porque não mais se lembrava desse episódio,já que a história vai sendo sepultada aos poucos e tristemente apagada da memória.


Denio Reis

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Cidade Vazia

Gosto da cidade vazia.
As ruas parecem mais espaçosas,
Tudo passa a te pertencer,
É como renascer para um novo dia.
As flores apresentam-se mais alegres,
Há um farfalhar livre das folhas,
As plantas abrem-se num sorriso espontâneo,
O canto dos pássaros é mais sonoro,
As vozes que saem das bocas são mais audíveis,
Os homens deixam de ser  apenas,
Sombras que caminham em meio à multidão.
Os poucos que sobram, são mais solidários,
Ainda que solitários nesse espaço vazio.
O céu se mostra mais azul,
Mesmo que algumas nuvens embaçadas,
Se façam presentes.
Até o choro das crianças parece notas musicais,
Que se  elevam nas alturas
E são recebidas em turíbulos de prata.

Denio Reis


domingo, 9 de abril de 2017

Barulho


Miniconto

Ouvi um barulho esquisito no vidro da janela do meu quarto.Apaguei a luz e o barulho cessou.

Denio Reis.

sábado, 8 de abril de 2017

Virtuose


Tanges com vigor às cordas do violino,
O som é suave, quase divino,
Encostado ao seu rosto ele se exprime,
Com notas tanto celestiais quanto sublimes.

Seus dedos ágeis, nervosos, convulsivos,
Percorrem às cordas com maestria
E na perfeição pulsante dessa ousadia,
Tornam-se incontroláveis e incisivos.

Seu sorriso emblemático lampeja,
Para que o mundo inteiro veja,
O final apoteótico que te espera.

Sarah Shang estrela de primeira grandeza,
Repositório  de charme e nobreza,
Flor do campo, primavera.


Denio Reis


sábado, 1 de abril de 2017

Sozinha


Vagueias como sombra fugidia,
O seu Brilho é fosco mesmo em plena luz do dia,
Já que o sol não mais brilha em sua vida,
Pois nem bem chegou mas já acena com despedida.

O ar de tristeza é sua marca sombria,
O seu raro sorriso é de franca ironia,
Nunca vê a manhã radiante chegar
E nem tão pouco à felicidade pelo menos passar.

Vive em meio ao silêncio que até à tortura,
Chega às vezes ao limite da loucura,
Pois encontra-se desamparadamente sozinha.

Nunca compreendeu o sentido da sua clausura,
Sempre procurou e ainda procura,
Entender a estrada por onde caminha.

Denio Reis