quinta-feira, 25 de junho de 2020

Partida


O coche que te conduziu todo enfeitado,
De flamívomos ardentes e perfumados,
Seguiu por costumeiros e imorredouros caminhos,
Entre flores e também espinhos.

Esse cortejo ornamental,
Que tinha algo de sideral,
Incontidamente avançou,
Para o lugar em que tudo terminou.

O silêncio agora era interminável,
Maior do que todos os silêncios existentes,
Tal silêncio por se tornar tão evidente,
Tornou-se também abominável.

Os soluços não puderam ser contidos,
Até de longe eram ouvidos,
Insinuando-se entre a estarrecida multidão,
Diante de tamanha comoção.

A imperatriz partiu com os seus ideais,
Mas o coração com o povo permaneceu,
Ela na verdade não morreu,
Pois a sua falta é sentida cada vez mais.

Denio Reis

terça-feira, 16 de junho de 2020

Perfumes da noite



Na noite há sempre um clamor,
De vozes que nunca se calam,
Talvez seja essa a grande dor,
Que os perfumes da noite exalam.

Mágoas suspiradas,suspiradas mágoas,
Como o ruído turvo das águas,
Que mesmo assim correm velozes,
Atrás de veladas e sussurradas vozes.

No espaço palpitando,
Ouvem-se nebulosos sons de ciúmes,
Deixando vazar doloridos queixumes,
Mas que aos poucos vão se resignando.

Já no brilho de estrelas pulsantes,
Tão fluorescentes quanto brilhantes,
Há um silêncio sideral de comunhão,
Onde é proibido se falar de solidão.

Denio Reis
OBS: Poema premiado  em primeiro lugar no concurso Literário Prêmio Poesia agora-Outono 2020,
da Editora Trevo,SP.

domingo, 7 de junho de 2020

Assassino silencioso.



A mágoa é um assassino silencioso,
Pois mata sorrateiramente,
É mais deletéria para quem à sente,
Já que é fruto de um coração desgostoso,

Irrompe com maior intensidade,
Quando alimentada por tantos ressentimentos,
Não dá sossego um só momento,
Esse inimigo sutil da nossa realidade.

Destrói os mais nobres sentimentos,
Sempre crescendo quando alimentada,
Vê  o mundo com uma visão equivocada,
Nascida dos pensamentos.

A Mágoa  pode se esconder,
No mais profundo do coração,
É aí que você vai perceber,
O seu potencial de destruição.

Não se permitir que raiz de amargura,
Invada o coração,
É também saber que ela não dura,
Aonde existe o perdão.

Denio Reis

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Suspirando


O vento passou por mim suspirando,
Que mais parecia um lamento,
Passou tão rápido como que voando,
Nas asas do pensamento.

Não sei se era um suspiro magoado,
Ou mesmo quem sabe de euforia,
Só sei que naquele dia,
O vento estava apressado.

Quem sabe foi tocar o rosto de alguma donzela,
Que na sua paciente espera,
Com tal vento se alegrou.

Foi varrer quem sabe o que de pior existia,
Para quem sabe um dia,
Conservar o que de melhor restou.

Denio Reis