quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

O velho rio que morre

Descendo encostas acidentadas,
Em caminhos descontinuados,
Tortuosos e escarpados,
O velho rio segue cantando.

Da nascente até o vale,
Tudo é beleza e encantamento,
Um verdadeiro deslumbramento
De uma vitalidade intocada.

Ao passar pela cidade,
Inicia a sua agonia,
Uma sinistra sinfonia
De chocante realidade.

O esgoto à céu aberto
Verte em seu leito sombrio,
A podridão que se vê de perto,
E que faz perecer o rio.

Mais a frente o assoreamento,
Escavando em detrimento,
Da margem desprotegida,
Da margem desfavorecida,
Que vai desaparecendo.

As lavadeiras já não cantam,
Pois estão cabisbaixas e silenciosas,
E profundamente ansiosas,
Com o destino do velho rio,
Que está preso por um fio,
Um fio de esperança.


Denio Reis

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